“A ESCULTURA,
VIAGEM E MENSAGEM” POR AFONSO PINHÃO FERREIRA
Póvoa de
Varzim, 26.03.2019
O Rotary Club
da Póvoa de Varzim promoveu, ontem à noite, uma Conferência subordinada ao tema
“A Escultura, Viagem e Mensagem”, proferida pelo Professor Doutor Afonso Pinhão
Ferreira, no Axis Vermar.
O Presidente
da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, bem como o Vice-Presidente,
Luís Diamantino, estiveram presentes na sessão.
O
conferencista revelou que “apesar de não ser um Professor Universitário da Área
da Escultura, ao longo dos anos, tenho-me preocupado em conhecer a evolução da
escultura e da pintura, das artes clássicas”. Daí que nesta conferência tivesse
apresentado uma leitura que faz da evolução da escultura ao longo do tempo, ou
seja, uma viagem até aos nossos dias, e o que a mesma diz às pessoas ao longo
dos anos.
Afonso Pinhão
Ferreira referiu que a escultura tem uma viagem até à escultura moderna e
contemporânea no início do século XX com as grandes correntes artísticas. Neste
sentido, enumerou as várias correntes explicando a sua evolução e diferenças:
Escultura Expressionista; Futurista; Cubista; Construtivista; Dadaísta;
Simbólica; Surrealista e Abstrata.
Para o
Professor Catedrático da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do
Porto a 1ª Arte Clássica é a Música, a 2ª Artes Cénicas (dança, teatro,
coreografia), a 3ª Pintura e a 4ª Escultura.
Na sua viagem
pela escultura, Afonso Pinhão Ferreira transmitiu que “a escultura foi, durante
muitos anos, a memória volumétrica do corpo ausente. A evocação do corpo
desaparecido ou não presente é central na história da escultura. A escultura
nasceu de outra atividade mais antiga: a Estatutária. E a estatuária sempre foi
a evocação da ausência”. Revelou ainda que “o modernismo e contemporaneidade
reavivaram o conceito de escultura. A escultura vive de volume e, como tal, de
espaço e o espaço serve para fazer um corpo viver. A escultura passou a ser o
género artístico mais difícil de definir porque a sua amplitude não tem
exterior. Há uma dificuldade de colocação da escultura na sua relação com a
arquitetura e a paisagem e a escultura surge como «não arquitetura e não
paisagem»”.
No que se
refere à mensagem da escultura, o conferencista referiu que “pode ter uma
mensagem identitária, de coesão social, de chamar a atenção para um facto
social e pode, inclusivamente, ter uma ação política trazendo temas para o
erário público que toquem a sociedade em alguns aspetos”.
Afonso Pinhão
Ferreira considera que “o papel da arte é muito importante porque é através da
arte que nos apercebemos que há algo de diferente do rotineiro do dia-a-dia. A
arte é também trazer qualquer coisa de estranho, de diferente do habitual e,
por isso, pode ter um papel muito importante na sociedade e no pensamento
humano”.
Ao longo da
sua apresentação, o conferencista deu a conhecer os mais variados artistas, de
diferentes nacionalidades e também portugueses, que se destacaram na área da
escultura.
Afonso Pinhão
Ferreira disse que nos últimos 20 anos a Póvoa de Varzim adquiriu arte com
muita qualidade e enumerou algumas peças na nossa cidade e terminou partilhando
com os presentes que foi o escultor e amigo José António Nobre quem o
incentivou a dedicar-se à escultura. Revelou que a primeira peça que produziu
foi a porta da Ortopóvoa, a sua Clínica de Ortodontia e Reabilitação
Orofacial, a que se seguiram tantas outras.
Questionado
sobre qual a peça que lhe deu mais gosto realizar, prontamente respondeu que
foi a última, a propósito do centenário do nascimento de Sophia de Mello
Breyner: “mal vai se um artista, quando faz uma peça, não põe todo o seu
conhecimento, experimentalismo subjacente e cultura que adquiriu até ao momento
naquela nova peça. A última peça tem que ser sempre aquela que gosto mais”.
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